Decisão judicial determina que menina volte para casa de pais biológicos.
Casal que adotou garota diz que vai recorrer.
Casal que adotou garota diz que vai recorrer.
Duas famílias vivem uma situação delicada em Minas Gerais. Uma delas
cria uma menina há dois anos, e cumpria todas as etapas de um processo
de adoção. A outra perdeu a guarda da criança por denúncias de
maus-tratos e conquistou, na Justiça, o direito de ter a filha de volta.
Agora, esses pais terão que deixar de lado os sentimentos para preparar
a criança para uma separação e um reencontro. Uma audiência, para
determinar como se dará este processo, foi realizada, nesta quinta-feira
(17), na Vara da Infância e da Juventude, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Na casa simples, emprestada por uma igreja da cidade, Maria da Penha
Nunes e o marido esperam a chegada da filha caçula, de quatro anos. Em
2009, os sete filhos do casal foram levados pela Justiça para um abrigo
depois de denúncias. A dona de casa confirma as suspeitas. “Não cuidava
deles direito porque não dava conta. Eu não fazia as coisas, não. Não
fazia nada porque não conseguia. Eu estava doente”, conta.
De acordo com o processo, laudos apontaram que ela sofria de depressão,
e o marido tinha problemas com álcool. No ano passado, o casal entrou
com um processo para ter de volta a guarda das crianças, alegando que
tinha se recuperado. Seis filhos voltaram para eles.
A mais nova, que foi encaminhada para adoção vive hoje com a família que recebeu a guarda provisória. Liamar e Válbio Silva ficaram cinco anos na fila de espera para adotar uma criança. A menina mora com a família adotiva há pouco mais de dois anos, mas vai ter que deixar casal após a determinação judicial. “Um desespero, um choro. Quando nós falamos para os familiares – na nossa família, ela é muito, muito amada – todo mundo entrou em pânico.”, desabafa Liamar. A família afirma que vai recorrer para manter a guarda.
A mais nova, que foi encaminhada para adoção vive hoje com a família que recebeu a guarda provisória. Liamar e Válbio Silva ficaram cinco anos na fila de espera para adotar uma criança. A menina mora com a família adotiva há pouco mais de dois anos, mas vai ter que deixar casal após a determinação judicial. “Um desespero, um choro. Quando nós falamos para os familiares – na nossa família, ela é muito, muito amada – todo mundo entrou em pânico.”, desabafa Liamar. A família afirma que vai recorrer para manter a guarda.
A decisão da Justiça foi baseada no Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) e na lei de adoção brasileira que diz que, enquanto o
processo de transferência de guarda não for encerrado, a prioridade é
reintegrar a criança à família biológica. Mas, para o presidente do
Instituto Brasileiro de Direito de Família, Rodrigo da Cunha, é preciso
fazer uma revisão na lei.
“Esse artigo, ele é equivocado porque ele não considera que a família é
um elemento muito mais cultural do que natural. A paternidade, a
maternidade são funções exercidas. Por isso é que existem várias formas
de família. Nem sempre a família biológica atende ao principio do melhor
interesse da criança”, argumenta o advogado.
Já a psicóloga Heloísa Lasmar diz que é preciso acompanhar o dia a dia
da criança. “Pode ser um trauma para ela, mas pode ser um alívio,
também. Nós não temos possibilidade de decidir sobre isso. Acho que isso
é muito difícil. É a gente se dar o direito de dizer que uma família
com melhores condições é melhor para criança. Isso é ideológico, isso
não é laço afetivo, isso não é subjetividade", avalia a especialista.
Do G1 MG, com informações do MGTV 2ª edição
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