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ADOÇÃO É...

Adoção é "tornar filho, pela lei e pelo afeto, uma criança/adolescente que perdeu, ou nunca teve, a proteção daqueles que a geraram" Fernando Freire

segunda-feira, 16 de julho de 2012

FÉRIAS

Este mês estaremos em férias, retornando em 25 de agôsto.
Em breve será informado o palestrante e o tema.

 
                               
Deixo um texto escrito pela nossa querida Marta do GAA de SBCampo.

VELHO AOS SETE ANOS*
Nunca pensei que envelheceria tão cedo... Nasci pobre numa família que muitos nem chamavam de família. É verdade que eu tinha uma mãe. Afinal, quem não tem uma mãe? Pai, eu nunca conheci. Nem sei se é bom ter um pai, pois nunca tive e talvez nunca venha a ter.

Minha mãe – eu gostava dela e acho que ainda gosto – saía sempre e voltava tarde, falando mole e rindo muito; sempre trazia alguém com ela, que também ria muito, mas falava grosso. Ela gostava de mim. Pelo menos eu sempre quis pensar que sim. Ela não me tratava mal, só se esquecia de me mandar para a creche; acho que é porque ela acordava tarde, geralmente quando aqueles que falavam grosso dormiam lá em casa. Ah! Ela também achava bobagem me levar ao médico quando eu estava com febre. Mas a comida dela era gostosa. Eu comia “Miojo” quase todo dia. Era uma delícia! Ela também não me mandava tomar banho sempre, o que eu achava bem legal.

Não sei por que decidiram que ela não podia mais ser a minha mãe. Acho que é porque eu não estava mais na creche e acharam que eu não podia faltar muito no primeiro ano da nova escola.
Eu já tinha seis anos! Os meus irmãozinhos, que nasceram depois de mim, estavam com cinco, quatro, dois e um ano de idade.

Levaram a mim a aos meus irmãos para uma casa bem grande, com muitas outras crianças e muitas tias, mas nem um tio, nenhuma mãe e muito menos um pai. Fiquei lá tanto tempo – na verdade ainda estou – que já nem sei quanto. Sei que consegui passar de ano na escola, mas ainda não sei ler. Mas meu nome eu já sei escrever! Se alguém me ajudasse em casa, talvez eu já soubesse ler um pouco. Eu digo isso porque meus amiguinhos da escola, que têm pai e mãe ou pelo menos mãe, já sabem ler um pouco. Mas eu não tenho nem ao menos uma casa, embora chamem o lugar onde eu moro de “Lar”. Se fosse mesmo um lar, eu teria uma mãe.

Quando eu fiz sete anos, disseram que os meus irmãozinhos poderiam conseguir uma nova família, mas que eu já estava velho demais para conseguir uma. Puxa! E eu que pensei que velho era o Papai Noel; ou a tia Jussara, que faz comida pra gente no “Lar”; ou o meu avô, que já era velho antes de morrer de cachaça. Foi disso que ele morreu; pelo menos foi o que minha mãe me disse no dia em que ele foi encontrar o Papai do Céu, que também deve ser velho, porque é amigo do meu avô! Aliás, eu ouvi dizer que se a gente pedir alguma coisa pro Papai do Céu, a gente consegue. Eu vou pedir para não fazer oito anos, porque acho que, então, estarei mais do que velho e com certeza não vou conseguir outra mãe, nem nunca saber o que é ter um pai.
*Conto de Marta Wiering Yamaoka, escrito em 30/11/2011
 

                                                                                   

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